Argentina
Muito Além do Futebol... (31)
No final do ano passado, me surpreendi ao escutar pela televisão a notícia de que Alcides Ghiggia,
o grande jogador uruguaio, seria honrado na
calçada da fama do estádio do Maracanã.
E essa surpresa aconteceu por dois motivos distintos: pelo fato de ter acontecido quase 60 anos depois,e por ter sido uma homenagem a um "carrasco" brasileiro: ele foi o autor do gol que deu a vitória por 2 a 1 para o Uruguai na Copa do Mundo de 1950, contra o Brasil, em pleno "Maracanazzo".
Minha surpresa seguiu quando eu soube que Ghiggia era apenas o sexto estrangeiro a receber tal honraria (centenas de brasileiros já foram homenageados desta forma, muitos com história infinitamente menor que a de Ghiggia no esporte).
E a minha surpresa chegou ao nível de descrença quando soube quem foram os outros 5: o sérvio Petkovic, o paraguaio Romerito e o chileno Figueroa, por terem se destacado e feito história em times brasileiros, além de Franz Beckenbauer e Eusébio, gênios incontestes de Alemanha e Portugal, respectivamente, responsáveis pelas maiores conquistas de seus clubes e seleções.
Como visto, nenhum argentino na lista. E, como visto, nada de Maradona constar ali. Pensei com meus botões: "talvez Maradona ainda esteja muito novo para ser homenageado dessa forma", mas aí lembrei que Petkovic nem chegou aos 40. Depois me ocorreu que pudesse ser por que a história de Maradona no futebol não seja tão grande quanto a dos outros que não atuaram por clubes brasileiros, mas aí me lembrei que Eusébio nunca ganhou uma copa, e Beckenbauer teve o mesmo número de conquistas de Diego.
Por fim, pensei: "vai ver é porque Maradona nunca jogou por aqui, coisa que os outros fizeram [Eusébio jogou no Beira-Rio, em 1968]". Então, fui pesquisar um pouco mais e encontrei os três videos a seguir.
O primeiro deles é de 1981, num amistoso entre Flamengo e Boca Juniors, que promoveu o primeiro encontro entre os dois gênios sul-americanos da época:
Aqui, na semifinal da Copa América de 1989, Diego faz uma daquelas jogadas popularmente conhecidas como "o gol que Pelé não fez":
E, por fim, em março de 1993, Maradona vai a São Paulo em partida amistosa. Ao final, faz questão de encontrar Telê Santana, a quem chama de mestre:
E eu continuo sem entender por que Maradona até hoje não foi homenageado no Maraca... Só espero que não leve mais 60 anos, como Ghiggia.
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