Repare na locução, que toma ares de tragédia grega e dá ênfase especial aos seguintes termos: "atropelado", "dele" e "graves". Além disso, num tom de voz e numa coloquialidade que procuram aproximar apresentador de tele-espectador, ela diz: "chamou a vítima sabe de quê?"
Mas certamente o final é o mais impressionante: "Gente, será que o Maradona não vai mudar nunca?... Não é possível!". A expressão facial e a subsequente pausa para respiração dizem tudo.
Trata-se de uma edição maldosa e extremamente direcionada, pouca importância dando aos fatos. Mas o mais curioso, e que nos faz questionarmos qual seria a intenção por trás disso tudo, é acompanhar a edição paulista do mesmo programa, que acontece em horário idêntico.
A abordagem, ainda que mostrando o velho desprezo de sempre, é completamente diferente, e ao invés da tônica moralizante adotada pela edição nacional, se permite a risadas. Acompanhe:
Como visto, a diferença chega a ser absurda, mas podemos nos concentrar em apenas duas frases para ilustrar essa discrepância: enquanto a edição nacional termina as imagens com a apresentadora dizendo "o funcionário foi levado pro hospital com ferimentos graves", a paulista tem o apresentador falando que "o cinegrafista foi pro hospital, e passa bem".
No blog "Brasil Mundial FC", que é hospedado no portal da emissora responsável pelos programas acima, o título da matéria foi "Maradona, o barbeiro". Novamente, apesar do escárnio, a proporção dada ao acontecido não foi maior do que realmente é.