Argentina
Muito Além do Futebol... (100)
Ontem, 13 de fevereiro, tivemos uma partida válida pelo Aberto de São Paulo - torneio ATP 250 - entre o brasileiro João Souza (mais conhecido pela alcunha de Feijão) e o argentino Leonardo Mayer.
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João Souza, o "Feijão" |
Feijão já foi mencionado em nosso blog:
há quase quatro anos, depois de sua primeira convocação para a Copa Davis - o Brasil jogaria com o Uruguai -, Feijão afirmou que "tinha de estar preparado" para enfrentar a torcida local, pois era óbvio (sic) que o iriam "chamar de macaco".
Houve o jogo e nenhum relato de ofensas semelhantes. Vida que segue.
Mayer também foi tema por aqui: exatamente três anos atrás, também pelo Aberto de SP, ele foi alvo de muitas ofensas e provocações dos torcedores brasileiros presentes no ginásio. A situação foi tão clara que Thomaz Belucci, maior tenista brasileiro da atualidade, pediu-lhe desculpas.
O confronto de 2015 entre Feijão e Mayer começou antes mesmo da partida: após classificar-se para enfrentar o argentino, Feijão pediu: "quero que ele caia nessa pilha da torcida".
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Leonardo Mayer |
Veio o jogo, Feijão venceu. Mayer não reclamou do adversário ou inventou desculpas para a derrota, mas criticou a torcida: "
Em nenhum outro lugar no mundo a torcida é tão desrespeitosa quanto aqui. Que bom que são apenas dois torneios e depois não precisamos mais voltar para cá", disse. Segundo a reportagem, Mayer "
foi vaiado, xingado, atrapalhado... A torcida no Ibirapuera (SP) precisou ser contida por diversas vezes pela arbitragem do jogo".
Feijão respondeu, dizendo: "Não tenho nada a dizer do Mayer, mas se vocês forem para outros lugares, vão ver que ninguém fica só batendo palminha. (...) Mas, se o Brasil tem a pior (torcida) ou não, não acho. Ele queria o quê? A torcida do lado dele? Acha que na Argentina, contra ele, não vão aplaudir meu erro? Duvido".
Como no caso da Copa Davis, em 2011, Feijão decreta como fato uma situação hipotética, aventada por ele.
Leonardo Mayer não disse que Feijão receberia flores se disputassem uma partida no país vizinho, mas afirmou: "Gostaria sim de enfrentar o Feijão na Argentina, pela Copa Davis. Pelo menos o público lá é mais educado e entende do esporte. Aqui há muita gente que não entende de tênis".
De fato, brasileiro acha que todos os esportes, seja ginástica rítmica ou turfe, são como o futebol: é mais importante ofender o adversário do que apoiar os seus.
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PS: tivemos outros dois casos bastante semelhantes envolvendo tenistas argentinos em quadras brasileiras: Juan Monaco (relembre clicando aqui) e Guido Pella (aqui).
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