A decisão: Domingo, céu azul, sol, 22 graus. Perfeito para um dia no Delta! Colocamos as crianças debaixo do braço e fomos a Tigre. Desta vez, pelo Tren de la Costa, que existe desde 1800 e foi recuperado recentemente. No fim de semana, sai a cada meia hora. Ida e volta custam 24 pesos para turista e 14 para residentes, um hábito local de cobrar mais de quem vem de fora.
A ida: A viagem começa pela estação Maipu, em Olivos, onde é possível fazer a trasferência se você vier no trem que sai de Retiro, no centro de Buenos Aires. Até o Delta são dez estações. Ao todo 15 km em uma viagem que dura 25 minutos. Nos domingos, costuma ficar cheio e você pode ter que ir em pé. Ou então talvez seja melhor ir num sábado. O vagão parece o de um metrô, não é muito novo, mas tem ar condicionado, é limpo e tem espaço para quem leva carrinho. O percurso é agradável, algumas estações são bonitinhas e bem cuidadas. Outras nem tanto. San Isidro e Barrancas são estações que podem valer uma descida. Mas na ida sugiro ir direto a Delta.
O barco: O trem para em frente ao Parque de la Costa, um parque de diversões apinhado de gente. Mas os meninos ficaram tão animados quando viram o parque que a gente encarou a fila da bilheteria. Até que a moça avisou que seriam duas horas de espera em cada brinquedo. Adorei ela! Claro que desistimos. Optamos por um passeio de barco nos rios Tigre e Lujan. Em vez do grande catamarã, um barco menor (foto), mais perto da água e com a emoção de balançar com as ondas das lanchas que passavam. Às margens dos canais, muitas casas, ancoradouros, pessoas acenando, caiaques... enfim, muito movimento para prender a atenção dos pequenos marinheiros. Mami neurótica aqui reparou que tinha salva-vidas no teto! Passeio de uma hora, na medida, pois terminou assim que começaram a querer reclamar.
O almoço: Depois do barco, o almoço. O Paseo Victorica é o centro turístico do lugar com um restaurante ao lado do outro. Engarrafamento na rua e nenhum táxi à vista. O jeito é caminhar uns 20 minutos até lá. E se você aguentar andar um pouco mais, sugiro um almoço no Il Novo María Luján del Tigre, no Paseo Victorica 611, de comida variada com vista para o rio. Deixe a sobremesa para a sorveteria Vía Toscana, do outro lado da rua. Depois do sorvete, um remis por telefone para voltar para a estação de trem. O motorista explicou que domingo é sempre assim. A cidade fica muito cheia. E por isso pode ser melhor repetir o programa em outro dia da semana.
A volta: O retorno foi agradável. Todos sentadinhos bonitinhos no vagão, mais vazio e fresco. Em Barrancas (foto), uma feirinha de antiguidades que funciona nos fins de semana de 10h às 19h30, e onde encontramos vitrola e discos de vinil de quando mamãe e papai eram pequenos, garrafinhas de coca-cola, prato de sopa com o desenho da Xuxa (??) e... carrinhos de matchbox iguaizinhos aos do dindo!!! Engraçado que não me sinto tão velha a ponto de ver pedaços da minha infância numa feira de antiguidades. Ou talvez as feiras de antiguidades não estejam tão antigas assim.
Do outro lado da estação de Barrancas, o café que faltava para encerrar o programa (foto). E aí pegamos o trem de novo de volta para casa. Ficamos exaustos sim. Mas os meninos adoraram! E antes de concluir esse post, grito para os dois que estão prontos para dormir:
- Quem gostou do programa de hoje?
- Eu!, disse um
- Eu!, disse a outra.
- E do que vocês mais gostaram? - perguntei de novo.
- De andar de barco! - respondeu ele.
- De andar de trem! - disse ela.
E eu aqui, em pensamento, agradeço novamente à moça da bilheteria do parque de diversões pelo domingo que tivemos!
Fotos: de Buenos Aires para Niños